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e os seus efeitos terapêuticos, com destaque para a vertente musical

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Semelhanças entre a relação mãe-bebé e a relação musicoterapeuta-paciente

Diversos estudos demonstram que, no desenvolvimento normal, as crianças nascem com a capacidade de se relacionar e comunicar com outras pessoas. Esta habilidade pode ser designada por “musicalidade comunicativa” (Malloch, 1999, cit in Kim, Wigram & Gold, 2008) ou “musicalidade inerente” (Robarts, 1996, cit in Kim, Wigram & Gold, 2008), reportando à capacidade de o bebé, no seio da interacção mãe-bebé, e ainda numa fase pré-verbal, ser capaz de identificar padrões rítmicos, através do reconhecimento da presença de som (vocalizações, palmas) e da sua ausência (silêncios, pausas).

Posteriormente, esta orientação inata e natural para reconheces padrões rítmicos constituirá a base das interacções comunicativas estabelecidas entre o bebé e o seu cuidador, comummente designadas protoconversações, através do improviso interactivo, troca de turnos, ajustamento e desenvolvimento do tom das vocalizações, caracterizadas por uma base rítmica com conteúdo emocional e pela sua essência comunicativa.
Esta interacção não-verbal permite, pois, que o bebé realize as suas primeiras experiências comunicativas, facultando um meio de compreensão e expressão entre os interlocutores - neste caso, mãe e bebé -, consistindo num código que permite a cada um dos interlocutores influenciar o comportamento do parceiro. Será a partir desta competência que a criança desenvolverá capacidades comunicativas e acederá ao mundo social.

Sob este ponto de vista, é compreensível que a vasta gama de aptidões às quais o bebé recorre para comunicar com a sua mãe se assemelhe às capacidades trabalhadas em musicoterapia, mais especificamente na técnica de improvisação musical, uma vez que se pretende a expressão e transmissão de ideias, produzindo uma performance comunicativa funcional. Resumidamente, a musicoterapia trabalha os princípios que regem as interacções comunicativas observadas entre mãe e bebé, através do desenvolvimento e exploração da expressão e compreensão baseada em elementos rítmicos.

Bibliografia:
· Schögler, B. (1998). Music as a Tool in Communications Research. Nordic Journal of Music Therapy, 7(1), pp.40-49;
· Beebe, B (1982): Micro-Timing in mother-infant communication. In Key, M.R. (ed): Non-Verbal Communication Today. The Hague: Mouton Publishers.
· Kim, J.; Wigram, T.; Gold, C. (2008): The effects of improvisational music therapy on joint attention behaviors in autistic children: a randomized controlled study. Journal of Autism and Development Disorders, vol. 38, 1758-1766


Imagens acedidas em:
· http://ivansitta.files.wordpress.com/2009/08/musicoterapia2.jpg
·http://static.blogstorage.hi-pi.com/photos/mamaritinha.bebeblog.com.br/images/gd/1264874673/Voce-fala-manhes-com-seu-bebe.jpg

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